sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Indústria aponta retomada, mas desempenho do ano é o pior em 19 anos

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

A indústria mostrou em agosto que continua em recuperação, mas ainda apresenta níveis bem abaixo dos registrados antes do agravamento da crise econômica.

A perda observada desde outubro do ano passado reflete-se no resultado acumulado do ano, que tem retração de 12,1%, pior resultado para o período de janeiro a agosto desde 1990, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Na comparação com setembro de 2008, quando a produção industrial atingiu nível recorde, há queda de 10,2%, que posiciona a indústria brasileira em patamar semelhante ao observado em fevereiro de 2007.

"A indústria segue em trajetória de recuperação, e há quedas menos acentuadas, em relação a 2008, na comparação com o ano passado", afirmou a coordenadora da PIM (Pesquisa Industrial Mensal), Isabella Nunes.

O IBGE divulgou nesta sexta-feira que a produção industrial brasileira teve oitava elevação consecutiva em agosto, com alta de 1,2% frente a julho. Em relação a igual período em 2008, porém, a indústria teve retração de 7,2%. Pesou para a queda menos acentuada nessa última comparação o fato de agosto de 2008 ter tido dois dias úteis a menos.

No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica.

O desempenho dos segmentos de bens duráveis e de bens intermediários vêm puxando a recuperação da indústria, explicou Isabella. De dezembro para cá, a produção de bens duráveis cresceu 82,9%, influenciada pelo setor automotivo. Ainda assim, o setor apresenta perda de 5,3% em relação a setembro do ano passado.

Já o setor de bens intermediários registra retração de 9,1% desde setembro, mas apresenta oito altas seguidas este ano.

"Está sendo observado um aquecimento na produção de bens intermediários, o que pode ser um indicador de que a indústria está se preparando para ampliar a produção, visando o consumo mais elevado esperado para o final do ano", observou Isabella.

O setor de bens de capital foi o mais afetado pela crise, com redução de 25,7% na produção, desde setembro. Nos últimos cinco meses, no entanto, apresenta crescimento acumulado de 7,6%, o que indica um início de consolidação da recuperação do segmento que concentra os investimentos na indústria.

"A produção de bens de capital vem crescendo abaixo da média, de acordo com o nível de utilização da indústria, que está mais baixo. Mas ao mesmo tempo, começa a demonstrar uma estabilização na recuperação", comentou Isabella.

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