quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Rio usa Lula para neutralizar Obama e virar sede olímpica pela 1ª vez

Lello Lopes *
Em Copenhague (Dinamarca)
O Rio de Janeiro encerrou nesta quinta-feira a sua campanha para virar sede dos Jogos Olímpicos de 2016 com o seu maior trunfo: o presidente Lula. O político teve dia repleto de encontros com os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), entre eles o presidente da entidade, o belga Jacques Rogge.
"A palavra final que pretendemos levar aos membros do Comitê Olímpico é a palavra de vender o futuro do Brasil e do Rio de Janeiro. Quem acompanha a economia sabe que o Brasil está em uma situação mais favorável que muitos países desenvolvidos. E que a descoberta do pré-sal vai trazer desenvolvimento. Nenhum país hoje tem tanta certeza de seu futuro quanto o Brasil. E é esse Brasil de 2016 que queremos mostrar aos delegados e delegadas e conquistar os votos deles", disse Lula.

Com isso, o comitê organizador do Rio-2016 espera neutralizar o efeito Obama. Desde que a Casa Branca anunciou no início da semana que o presidente dos Estados Unidos iria a Copenhague para falar na apresentação de Chicago, os brasileiros tratam de minimizar a importância da presença do comandante norte-americano.

Nesta quarta, em sua chegada à Dinamarca, até o presidente Lula falou sobre o companheiro dos Estados Unidos. "Não tem nenhuma rivalidade. Eu mesmo falei para o Obama que ele viesse, porque ele me disse que a esposa dele viria. E eu falei: 'é importante você ir, porque vamos eu e a Marisa'. Então, seriam dois contra um", disse Lula, por intermédio de sua assessoria de imprensa.

Apesar do discurso descontraído, a preocupação com Obama existe. Tanto que desde domingo Pelé, o outro grande cabo-eleitoral da candidatura, vem tentando esvaziar a participação de Obama. "A gente tem que lembrar que Chicago se tornou candidata bem antes de Obama ser presidente", falou Pelé. "E se eles têm o Obama, nós temos o Lula e o Pelé, então é dois contra um", completou.

Ainda não se sabe o que a presença de Obama pode representar para a candidatura de Chicago. O presidente tem o potencial para atrair muitos votos, principalmente da África (o norte-americano tem origens no Quênia), mas a decisão de chegar a Copenhague na última hora pode dar ao movimento olímpico internacional a ideia da falta de comprometimento do governo dos EUA com a Olimpíada em Chicago.
Por isso, os brasileiros fizeram tanta questão de afirmar durante toda a semana o apoio governamental ao projeto do Rio de Janeiro. "Poucas vezes uma união foi tão forte. Agradeço aos três níveis de governo desde a mobilização feita na organização dos Jogos Pan-Americanos de 2007", disse na segunda-feira Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e do comitê de candidatura, logo no início de seu discurso no primeiro bate-papo com a imprensa brasileira em Copenhague.

No dia seguinte, quando encontrou a imprensa internacional, Nuzman voltou a falar, desta vez em inglês, sobre essa união. E foi apoiado pelo governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes.

A sintonia nos discursos da candidatura pode ser sentida quando todos os envolvidos defendem os mesmos pontos: a mudança na vida das pessoas com a realização dos Jogos no Rio, a oportunidade única de realizar uma Olimpíada na América do Sul e a aprovação do projeto carioca pelo COI.

Pontos críticos da candidatura, como o sistema de transporte, a falta de garantia na questão da hospedagem e o problema de segurança na cidade, receberam tratamentos secundários.
Enquanto isso, o Rio se envolveu em polêmicas com dois adversários. Na terça-feira a cidade anunciou que informou o COI sobre uma irregularidade cometida por Chicago quando o prefeito Richard Daley criticou a possível realização dos Jogos no Rio dois anos depois da disputa da Copa do Mundo no Brasil. Pelas regras do COI, nenhuma candidata pode falar sobre as rivais.

Na quarta-feira, foi a vez de Madri criar polêmica. O vice-presidente do Comitê Olímpico Espanhol, José Maria Odriozola, disse que o Rio era "a pior das quatro concorrentes", obrigando a presidente do comitê da candidatura de Madri, Mercedes Coghen, a pedir desculpas para a cidade brasileira.

Após a maratona de encontros desta quinta-feira, as delegações das cidades candidatas vão ao Bella Center para assistir à abertura oficial da 121ª do Comitê Olímpico Internacional. A escolha das sedes será feita após as apresentações das cidades (Chicago, Tóquio, Rio e Madri, pela ordem) na sexta-feira. O resultado deve ser divulgado por volta das 13h30 (de Brasília).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leitores do Dia


contador gratis